Professora húngara contribui com pesquisa e docência na Pós-Graduação em Ciências Biológicas
Professora húngara contribui com pesquisa e docência na Pós-Graduação em Ciências Biológicas
Ela ensina na Hungria, principalmente, a fisiologia das plantas e seus aspectos moleculares, tendo alunos na graduação, no Mestrado e DoutoradoO Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UEL recebe Zsuzsanna Kolbert, da Universidade de Szeged, na Hungria, como docente visitante.
Kolbert está no Brasil desde maio e retorna a sua cidade natal no fim de agosto, após três meses de intensas pesquisas e ter lecionado uma disciplina no programa, falando somente inglês. Ela integra o Departamento de Biologia Vegetal (Department of Plant Biology) da Universidade desde 2005, subindo de cargo até alcançar sua posição atual em 2014, combinando ensino e pesquisa como professora assistente.
Ela ensina na Hungria, principalmente, o que envolve a fisiologia das plantas e seus aspectos moleculares, tendo alunos na graduação, no Mestrado e Doutorado. “Inclui o transporte de nutrientes, fotossíntese, hormônios, reguladores de crescimento de plantas e assim por diante. Vou começar a ensinar ecofisiologia também, vai ser um novo assunto para mim”, elencou a professora.
Já o tema que estuda há mais de 20 anos, desde quando era doutoranda, é o óxido nítrico (NO) em plantas, uma molécula de sinalização gasosa e espécie de nitrogênio reativo, como Kolbert explicou. “No começo, eu trabalhei com a interação entre óxido nítrico e hormônios de plantas durante o desenvolvimento de raízes, depois, na presença de estresse, por exemplo, de metais pesados. E muito tempo depois segui para as nanopartículas”, relembrou.

Zsuzsanna Kolbert realizando pesquisa no Departamento de Biologia Animal e Vegetal. Foto: Arquivo pessoal.
Inspiração
Uma nova mudança de foco em sua pesquisa foi o que trouxe a profissional ao Brasil, inspirada pelo trabalho de Halley Caixeta de Oliveira, pesquisador do Departamento de Biologia Animal e Vegetal, da Pós-Graduação em Ciências Biológicas, que atua no Laboratório de Ecofisiologia Vegetal.
As pesquisas do biólogo ocorrem nos âmbitos dos projetos INCT Nano-Agro, que trabalha com a Nanotecnologia para Agricultura Sustentável, e Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) em Biodiversidade. Um de seus focos é o papel do óxido nítrico na regulação do crescimento e desenvolvimento das plantas.
Em suas décadas de trabalho, pôde observar que o NO é crucial para processos biológicos, mas sua aplicação prática na agricultura enfrenta desafios, visto que se trata de um gás reativo e difícil de manejar. Para contorná-los, o professor aplicou doadores de NO nanoencapsulados, menos sensíveis à decomposição e que liberam o gás de forma controlada.
São 25 pesquisadores envolvidos na busca por soluções que visam melhorar a resistência das plantas diante de condições climáticas desfavoráveis, como seca, calor e ataques de insetos.

Halley Caixeta de Oliveira e Zsuzsanna Kolbert. Foto: Heloísa Gonçalves.
‘Ampliou a minha perspectiva’
Dois anos atrás, Kolbert deixou de lado a “toxicidade” considerando a presença de estresse, passando a focar no óxido nítrico “como uma molécula positiva que ajuda a beneficiar”. “Halley é um pioneiro, seu laboratório é pioneiro em trabalhar com óxido nítrico nano, com esses doadores de óxido nítrico encapsulados, que têm efeitos mais benéficos comparando com a forma livre”, explicou.
Quando ela começou a trabalhar com nanopartículas semelhantes, afirmando que não são as mesmas porque são sintetizadas em laboratórios diferentes, se interessou em vir para a UEL “para aprender com quem tem a expertise e ver como eles trabalham com essas nanopartículas aqui”.
A pesquisadora disse ainda que outro aspecto diferente é o foco do trabalho que ela realiza na Hungria, contando que seu campo de pesquisa é mais “mecanístico e molecular”, buscando entender como a planta interage com a nanopartícula e o NO, enquanto que na UEL a pesquisa aplicada tem uma grande força. “Foi muito bom ver como eles trabalham com as nanopartículas, por exemplo, no campo. Eu estava com eles e pude ver os efeitos positivos dessas nanopartículas no campo, na estufa, e assim por diante”.
Oliveira acrescentou a importância do trabalho em conjunto com Kolbert. “O óxido nítrico é uma dessas espécies reativas de nitrogênio em plantas, que são moléculas que podem ter um efeito, como ela mesmo disse, benéfico. São sinalizadoras, têm vários efeitos importantes na planta, mas em excesso podem ser tóxicas, então, ela trabalhou bastante sobre esse balanço”.

Arabidopsis thaliana, espécie de planta modelo utilizada por Zsuzsanna para o estudo acerca dos mecanismos de interação das nanopartículas com a raiz. Foto: Arquivo pessoal.
Docência
Durante o mês de julho, a pesquisadora lecionou uma disciplina intitulada “Espécies reativas de nitrogênio em plantas”, atendendo alunos dos programas de pós-graduação em Ciências Biológicas, Agronomia e Biotecnologia. O foco foi o funcionamento do NO em plantas, “da síntese a sinalização, até os efeitos da regulação de crescimento e o estresse na planta. Os alunos foram muito ativos e interessados”, relembrou Kolbert.
A professora disse ainda que se sentiu bem recebida no Brasil pelos colegas de profissão e estudantes, contando que todos estavam animados com a sua chegada e que pôde atestar o pensamento positivo que já tinha em seu país, que os “sul-americanos são muito famosos pela sua natureza acolhedora”. Sua pretensão é voltar no futuro, mas desta vez, em família.
(*Bolsista na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação)