Dissertação de Engenharia Elétrica ganha menção honrosa em premiação internacional

Dissertação de Engenharia Elétrica ganha menção honrosa em premiação internacional

Protótipo desenvolvido na UEL foi patenteado no início do ano e ganhou destaque no Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia.

O projeto de cadeira de rodas elétrica que inovou na motorização e na tecnologia,  desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica da UEL, acaba de ganhar menção honrosa no Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia. Nessa edição, foram reconhecidas pesquisas relacionadas à Tecnologia Assistiva, ou seja, que considera processos de reabilitação da qualidade de vida de pessoas com deficiência. O projeto da UEL ganhou destaque na categoria Jovem Pesquisador.

Instituído em 1997 pela Reunião Especializada de Ciência e Tecnologia do Mercosul (RECyT), o Prêmio busca incentivar estudos e pesquisadores que apresentem potencial contribuição para o desenvolvimento científico. Outro objetivo é contribuir para a aproximação do Mercado Comum do Cone Sul, difundindo avanços tecnológicos dos países que integram o bloco.

O protótipo desenvolvido na UEL foi patenteado no início deste ano, quando foi destaque da Agência UEL, com grande repercussão. A cadeira traz avanços importantes em termos tecnológicos, permitindo autonomia e eficiência. O prêmio foi conferido em nome do professor Willian Ricardo Bispo, que foi mestrando do Programa de Engenharia Elétrica da UEL, juntamente com o também professor Antônio Pires Leôncio Junior. O projeto começou a ser gestado em 2013 a partir de uma pesquisa dos dois. Atualmente, Willian Ricardo é professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Londrina e Antônio integra o quadro de docentes da Uniube (Universidade de Uberaba).

Equipe que produziu a cadeira. Projeto recebeu menção honrosa do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia (Agência UEL).

Tecnologia

O modelo desenvolvido na UEL apresenta motor trifásico por indução e corrente alternada, diferente dos modelos tradicionais existentes no mercado, que trazem motorização por corrente contínua. A cadeira made in UEL pode ser acionada por sopro/sucção variável ou pelo sistema joystick, semelhante aos periféricos utilizados em computadores e videogames.

Segundo o professor Ruberlei Gaino, do Departamento de Engenharia Elétrica, do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU), o projeto foi construído a várias mãos, com professores e mestrandos do curso se debruçando no desenvolvimento do protótipo montado a partir de uma cadeira elétrica, que teve o motor substituído por um trifásico por indução e corrente alternada. O conjunto também conta com uma CPU de computador, onde está abrigado o software e toda solução eletrônica que permite maior autonomia, torque e eficiência energética.

Willian conta que tão logo terminou a graduação em Engenharia Elétrica na UEL, em 2012, já buscava alternativas para continuar os estudos, com interesse na eletrônica de potência e controle. Antônio já atuava na área de eletrotécnica e tinha alguma experiência em trabalhar com cadeiras motorizadas.

Os dois se encontraram no Mestrado em 2013. Os professores incentivaram a dupla a se aprofundar na pesquisa e desenvolvimento de um protótipo de cadeira mais eficiente. Além do professor Gaino, participaram da equipe os professores Marcio Roberto Covacic e Newton da Silva, ambos do Departamento de Engenharia Elétrica da UEL.

Patente

Em julho de 2014 os pesquisadores concluíram os estudos e entraram com o pedido de patente da cadeira, deferido no início deste ano. O professor Ruberlei Gaino lembra que toda a pesquisa foi custeada com recursos próprios, além de doações de amigos que compreenderam a importância da pesquisa.

Os pesquisadores sustentam que o protótipo traz algumas vantagens sobre os produtos disponíveis no mercado. A nova cadeira abriga um software (gravado em um chip) que controla a velocidade do motor. O protótipo apresenta soluções de eletrônica que permitem o uso de inversores trifásicos, sensores e placas, que representam inovações na tecnologia utilizada.

Levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que 8,4% da população brasileira acima de 2 anos – o que representa 17,3 milhões de pessoas – têm algum tipo de deficiência. Quase metade dessa parcela (49,4%) é formada por idosos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, feita pelo Ministério da Saúde. Para se ter uma dimensão deste contingente que necessita de assistência, na faixa etária acima de 60 anos, uma a cada quatro pessoas apresenta algum tipo de deficiência.

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