Novo Ensino Médio é tema de debate na noite desta quarta (12) na UEL

Novo Ensino Médio é tema de debate na noite desta quarta (12) na UEL

Realização é da UEL FM, Rede Lume de Jornalistas e Portal Verdade. Debate reúne professores, estudantes e pesquisadores, no CLCH.

A reforma do Ensino Médio, conhecida como Novo Ensino Médio, será tema de um debate nesta quarta, dia 12, às 19h, no Anfiteatro Maior do Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH). O debate será presencial e também será transmitido ao vivo pela Rádio UEL FM e em seu canal do YouTube. A realização é da Rádio UEL FM, Rede Lume de Jornalistas e Portal Verdade, com apoio do Observatório do Ensino Médio/UEL. O Ministério da Educação (MEC) suspendeu temporariamente a reforma para a realização de uma consulta pública, que foi aberta pelo Governo Federal no dia 9 de março e seguirá por 90 dias.

O debate “Novo Ensino Médio: os impactos para a educação pública” contará com a presença de representantes de professores da educação pública, alunos e pesquisadores da Universidade. A Secretaria Estadual de Educação (SEED), do Governo do Paraná, também foi convidada, mas não indicou representante até o momento.

Participam a professora Sandra Garcia, do Departamento de Educação (Ceca) e coordenadora na UEL da Rede EMpesquisa (Ensino Médio em Pesquisa), que reúne cerca de 150 pesquisadores de mais de 20 universidades brasileiras, e do Observatório do Ensino Médio/UEL; o professor de sociologia da rede estadual Rogério Nunes da Silva, também secretário de assuntos jurídicos da APP-Sindicato; e o estudante Kainan Ferreira de Araújo, do Colégio Estadual Maestro Andréa Nuzzi e presidente do Grêmio Estudantil Diversidade.

Divulgação.

Em entrevista à Rede Lume, Araújo aponta a falta de oferta nas escolas estaduais dos cinco itinerários previstos no projeto; carga horária ampliada sem estrutura e disciplinas que fazem falta no cotidiano como algumas das dificuldades enfrentadas pelos estudantes. “No meu colégio, por exemplo, só estão sendo ofertados dois dos cinco itinerários. Só matemática e português”, comenta. Ele explica que o aumento da carga horária compromete os jovens que também trabalham. “Alguns não conseguem fazer a sexta aula e pedem para sair mais cedo. É uma escolha: ou come ou vai direto pro serviço”.

O estudante critica o fato de o turno da manhã terminar às 12h30, praticamente junto com o início do período vespertino, às 12h45. “Só 15 minutos para o pessoal da limpeza organizar tudo”. Ele faz o Ensino Técnico em administração e diz sentir falta de várias matérias no currículo, como Artes, Educação Física, Física e Biologia. 

Para o professor de Sociologia que participa do debate, o que os docentes indicavam anos atrás se concretizou. “Houve um esvaziamento curricular e a negação do acesso aos estudantes ao saber cientificamente acumulado. Está por trás da reforma um projeto privatizante e mercadológico. Também observamos as condições de trabalho: os professores são obrigados a ministrar conteúdos para os quais não têm formação. No Paraná, o processo de ‘plataformização’ é crescente. São cinco ou seis plataformas, com conteúdos pré-estabelecidos e sem autonomia docente”, exemplifica o secretário da APP-Sindicato.

Sandra Garcia defende a luta conjunta pela revogação do Novo Ensino Médio. “Entendemos que não dá para fazer ajustes. Também é preciso lembrar que essa lei foi resultante de Medida Provisória (MP) apresentada logo após o golpe que resultou no impeachment da presidente Dilma”. Ela lembrou que, em 2016, os estudantes do Paraná e de outros estados ocuparam as escolas públicas em protesto, mas, mesmo assim, a lei foi aprovada rapidamente.

Ensino Médio: entenda a reforma

Aprovado por Medida Provisória no governo do ex-presidente Michel Temer, o Novo Ensino Médio amplia a carga horária dos três anos de ensino, suprimindo, no entanto, horas dedicadas a disciplinas básicas, como Português, Matemática, Histórica e Sociologia. Das 3 mil horas do curso, 1.8 mil (60%) ficam reservadas para uma grade comum a todos, com as matérias tradicionais e as outras 1200 horas (40%) passam a ser dedicadas a disciplinas dos “itinerários formativos”, que são opções de currículos específicos – teoricamente, de escolha dos alunos.

Os itinerários foram divididos em cinco grandes áreas: Matemática, Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Formação Técnica e Profissional. Os defensores da mudança alegam que ela tornaria o ensino mais atrativo para os alunos e reduziria a evasão escolar. Já os críticos afirmam que o Novo Ensino Médio é inviável e pode levar a uma desistência ainda maior por parte dos jovens.

A reforma começou a ser implantada de fato em 2022, quando as mudanças passaram a valer para os alunos do primeiro ano. Esse ano, chegaram ao segundo ano e, em 2024, alcançariam o terceiro ano. No entanto, para os críticos, a maioria das escolas públicas não teria estruturada para arcar com as novas demandas: faltariam professores suficientes para atender ao aumento da carga horária e oferecer itinerários diferentes aos estudantes. Em vez de poder optar por uma das áreas, o aluno acaba obrigado a seguir aquela que a escola consegue oferecer.

Outro ponto importante, ainda de acordo com os críticos da proposta, é que a ampliação da carga horária não levou em conta que boa parte dos estudantes do Ensino Médio na escola pública precisa trabalhar.

Parcerias

Este é o terceiro debate que a Rádio UEL FM realiza em parceria com a Rede Lume de Jornalismo. O encontro desta quarta terá mediação da jornalista Cecília França e apresentação da jornalista Eliete Vanzo, da UEL FM. A primeira experiência, no ano passado, discutiu Fake news e eleições: como enfrentar os impactos da desinformação”, no dia 7 de junho. O debate também contou com o apoio do Portal Verdade, jornal virtual do Coletivo de Sindicatos de Londrina.

Já no mês passado, a Lume propôs o debate com o tema “Letalidade policial: um retrato da violência no Paraná”. Acesse o debate completo neste link.

Serviço

Debate “Novo Ensino Médio: os impactos para a educação pública”;
Nesta quarta, dia 12, no Anfiteatro Maior do Centro de Letras e Ciências Humanas da UEL;
Horário: às 19h;
Presencial e também ao vivo na UEL FM e no canal da UEL FM no YouTube.

*Com Rede Lume de Jornalistas e Portal Verdade.

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