Vestibular dos Povos Indígenas 2024 recebe 628 inscrições; Homologação ocorre nesta quinta na UEL 

Vestibular dos Povos Indígenas 2024 recebe 628 inscrições; Homologação ocorre nesta quinta na UEL 

Esta edição do concurso é realizada pela Coordenadoria de Processos Seletivos (COPS) da UEL. Provas serão aplicadas entre os dias 24 e 25 março de 2024. 

Representantes das sete Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) do Paraná realizam, ao longo desta quinta-feira (23), a homologação das inscrições para a XXIII edição do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná, que ocorre entre os dias 24 e 25 março de 2024. Esta edição do concurso está sendo realizada pela equipe da Coordenadoria de Processos Seletivos (COPS) da UEL, contando com o trabalho de representantes das Comissões Universidade para os Indígenas (Cuias) das sete IEES e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e de caciques de terras indígenas do estado. Nesta edição, 628 moradores do Paraná e de outros estados se inscreveram para concorrer às 52 vagas totais em cursos de graduação nas oito universidades – UEL, UEM ,UEPG, Unioeste, Unespar, UENP e Unicentro (seis vagas cada), e UFPR (10 vagas). 

“Este processo vem para reafirmar a questão da autodeclaração. Contamos com a ajuda dos caciques das terras indígenas aqui presentes na verificação das candidaturas”, destaca a coordenadora da Comissão Universidade para os Indígenas da UEL, a professora do Departamento de Educação (CECA), Eloá Soares Dutra Kastelic. 

Estão participando da homologação os caciques das Terras Indígenas Rio das Cobras (Nova Laranjeiras), Posto Velho (Abatiá), Laranjinha (Santa Amélia), Ivaí (Manoel Ribas), Mococa (Ortigueira) e Barão de Antonina (São Jeronimo da Serra). São eles Ângelo Kavigtanh Rufino, Walace Raulino Sampaio, Everton Lourenço, Wagner Almeida, Luiz Battarse, além de Reinaldo Ninvaia e Valdomiro Lucas, respectivamente.  

Coordenadora estadual da CUIA, a professora do Departamento de Artes Visuais da Unespar, Dulcinéia Galliano, explica que a condução do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná é um processo que estende ao longo de um ano envolvendo desde a elaboração dos editais, a homologação das inscrições e elaboração das provas.

Ao lado da vice-coordenadora da Cuia estadual, a professora Iomara Favoretto, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, ela explica que a homologação das candidaturas envolve uma revisão sistemática de todas as inscrições, a análise de documentos e até das assinaturas dos inscritos. Desta forma, o apoio dos caciques das terras indígenas traz ainda mais segurança ao processo seletivo.

Homologação das inscrições envolve a equipe da COPS, representantes das Comissões Universidade para os Indígenas (Cuias) das sete IEES e da UFPR, e caciques de terras indígenas do estado. (Foto: divulgação).

Vestibular 

No primeiro dia do Vestibular dos Povos Indígenas, os candidatos são avaliados quanto à sua proficiência na Língua Portuguesa, por meio de uma prova oral. Já o segundo dia é voltado à aplicação da prova de Conhecimentos Gerais (Biologia, Física, Geografia, História, Matemática e Química), Linguagens (língua Kaingang, Guarani, Inglês e Espanhol) e redação. 

No Paraná, o processo seletivo é garantido pelas leis nº 13.134/2001 e nº 14.995/2006, que trouxeram a previsão de abertura de vagas suplementares para comunidades indígenas e a ampliação da política de ingresso ao Ensino Superior, respectivamente.

No caso da Universidade Estadual de Londrina, os ingressantes indígenas ainda atravessam uma etapa muito importante de preparação para o início da graduação. Promovido pela CUIA em parceria com a Pró-reitoria de Graduação (Prograd), o Ciclo de Formação Acadêmica Intercultural Indígena recruta estudantes bolsistas para atuarem com a promoção de atividades e práticas educativas interdisciplinares que visam contribuir para a afirmação, respeito e visibilidade da presença indígena no ambiente acadêmico. 

UEL na Luta Contra o Racismo 

A experiência da Universidade Estadual de Londrina de implementação das ações afirmativas por meio da campanha UEL na Luta Contra o Racismo e da política de ingresso da população indígena ao ensino superior foram levadas à Cidade do México (México), entre os dias 15 e 17 de novembro, durante o 7º Colóquio Internacional Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina, Racismo e formação docente: problemas, avanços e desafios. Evento organizado pela Cátedra Unesco Educação Superior, Povos Indígenas e Afrodescendentes da América Latina, o encontro internacional reuniu pesquisadores de sete países da América Latina na Universidade Nacional Autônoma do México (Cidade do México). 

A trajetória pioneira da UEL foi apresentada pelo docente do Departamento de Serviço Social, Wagner Roberto Amaral, que contou com o apoio da Fundação Araucária para participar do evento. “O 7º Colóquio contou com um número significativo de participantes da América Latina e todos os trabalhos apresentados tratavam sobre racismo e formação docente. Este foi o tópico que orientou este colóquio”, destaca. 

Wagner Roberto Amaral apresentou dados no 7º Colóquio Internacional Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina. (Foto: André Ridão COM/UEL).

Para analisar as ações implementadas há diversos anos na UEL, bem como seus resultados, ele desenvolveu um artigo ao lado das docentes Andrea Rocha (Serviço Social), Mônica Kaseker (Jornalismo) e Marleide Perrude (Educação), atual coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab).

O professor Wagner Amaral desenvolveu um artigo ao lado das docentes Andrea Rocha, Mônica Kaseker e Marleide Perrude, onde abordam a trajetória pioneira da UEL. (Foto: arquivo pessoal).

Para ele, a UEL acaba se destacando entre as instituições de ensino superior na América Latina pelo pioneirismo e longevidade das ações afirmativas. “A UEL é pioneira no Brasil em implantar vagas suplementares já em 2002 e umas das pioneiras em implantar cotas raciais, em 2005, muito antes da Lei de Cotas, de uma política nacional. A apresentação que fizemos foi muito bem recebida, inclusive agora com o novo pacto pela formação de docentes e servidores e foi muito bem acolhida. Acaba se tornando uma referência”, destaca Amaral. 

Pesquisadores de sete países da América Latina participaram do 7º Colóquio Internacional Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina, entre os dias 15 e 17 de novembro, na Cidade do México. (Foto: arquivo pessoal).
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